quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

O SOLAR DO VISCONDE VAI CAIR!!! CADÊ AS PROVIDÊNCIAS???

O Solar do Visconde de São Lourenço, localizado na cidade do Rio de Janeiro, na esquina da Rua do Riachuelo (antiga rua de Matacavalos) com a Rua dos Inválidos, bairro do Centro, é um prédio em estilo colonial português, com três pavimentos, cuja construção foi iniciada ainda no século XVIII. O endereço correto é rua dos Inválidos nº 193.
Foi adquirido em 1820 pelo Ministro Targine, Visconde de São Lourenço, Ministro do Rei Dom João VI.
Após a morte do Visconde sediou o Colégio Marinho, entrando em total declínio no século XX, quando foi transformado em casa de habitação coletiva com lojas no térreo.
Apesar de tombado em 1938 pelo IPHAN, isto não o livrou da ruína, agravada por um incêndio na década de 1990, que o destruiu ainda mais.
Atualmente, está praticamente irreconhecível. Só tem três paredes e seu espaço interno é utilizado como estacionamento. Grudado nele está o Condomínio Cores da Lapa. Não sei como poderá ser reconstruído, se é que vai sê-lo. Há anos tramita no Ministério Público Federal do Rio o procedimento administrativo para apurar responsabilidades, mas até agora não deu em nada! Coisas do Brasil...


Vemos nas fotos o antigo proprietário, o Visconde de S. Lourenço, e o prédio quando ainda estava inteiro e atualmente, uma ruína vergonhosa para a história carioca.

A IGREJA DE SÃO JOAQUIM, DA RUA LARGA


Conforme consta na história do velho Rio de Janeiro, a Igreja de São Joaquim teve origem numa capela construída em 1758.

Ficava junto do seminário dos órfãos que funcionou onde está hoje o Colégio Pedro II, na Avenida Marechal Floriano (antiga rua Larga de São Joaquim).

Estavam as coisas muito bem, obrigado, quando tempos depois pensou-se em demoli-la para dar passagem às linhas da Estrada de Ferro D. Pedro II (Central do Brasil), cujos trens pretendiam levar até ao mar, na Prainha (Praça Mauá) - mas isto não se realizou.

Por fim, na administração do Prefeito Pereira Passos, com o projeto de alargamento da antiga Rua de São Joaquim, teve começo a sua derrubada em maio de 1904. A golpes de picareta, e usando muita dinamite, o velho edifício religioso veio abaixo.

Mais um "ponto negativo" na memória da cidade do Rio de Janeiro!

O CAMPO E A IGREJA DE SÃO DOMINGOS

                     Já se faz notório o dito que o brasileiro comum não tem memória cultural. Não tem mesmo, porque não lhe ensinaram a ter. Não ensinaram ao brasileiro comum a estimar os seus bens artísticos e históricos, e por conta disso (e de decisões políticas equivocadas), muitos desses bens tiveram o triste fim da demolição, como o que apresento agora - O Campo e a Igreja de São Domingos, no Rio de Janeiro. A Igreja, construída em 1791, permaneceria com o mesmo aspecto até seu fim. Era pequena e tinha três altares, dedicados a São Domingos, N. Sª da Conceição e N.Sª das Dores, além de uma imagem de N.Sª de Santana na Sacristia. A Igreja de São Domingos e seu largo ficavam onde é atualmente a Av. Presidente Vargas, em frente à Avenida Passos (antiga rua do Sacramento). Tudo foi demolido quando da abertura da Av. Presidente Vargas, em 1942. E ainda alguns tem a coragem de chamar isso de "Progresso"!...

                  
               

IGREJA DE SÃO PEDRO DOS CLÉRIGOS

             Já se faz notório o dito que o brasileiro comum não tem memória cultural. Não tem mesmo, porque não lhe ensinaram a ter. Não ensinaram ao brasileiro comum a estimar os seus bens artísticos e históricos, e por conta disso (e de decisões políticas equivocadas), muitos desses bens tiveram o triste fim da demolição, como o que apresento agora - a Igreja de São Pedro dos Clérigos. Essa Igreja, uma construção de meados do Século XVIII, ficava na esquina da rua de São Pedro (demolida também), com a atual rua Miguel Couto (até 1936 se chamava rua dos Ourives), no Centro do Rio de Janeiro. Inaugurada em 1742, duzentos anos depois, em 1942, foi posta abaixo para que fosse aberta a Avenida Presidente Vargas, RJ.

             O antigo Historiador Gastão Cruls afirmou num de seus trabalhos que a perda desta Igreja "foi irreparável para o patrimônio histórico e artístico da cidade; pelo seu corpo em rotunda, com quatro arcos, e zimbório à maneira dos templos romanos, não temos outra que se lhe possa comparar."

              Na Igreja de São Pedro dos Clérigos nasceu o Colégio Pedro II; nela havia um altar de São Gonçalo Amarante, o casamenteiro dos velhos, e nela o Imperador Pedro II ouvia missa no dia de seu aniversário, a 2 de dezembro de cada ano.

              Fica o registro da antiga São Pedro dos Clérigos, na foto postada.
      

RELEMBRANDO ELIS REGINA

Elis Regina Carvalho Costa, dona de uma voz inolvidável e marcante (Porto Alegre, 17/03/1945 - São Paulo, 19/01/1982), foi uma das maiores cantoras brasileiras e, quiçá, do mundo inteiro. Hoje se completam 29 anos de sua morte trágica e prematura. Vamos relembrá-la num vídeo do youtube, a seguir, cantando "Wave".

TOMARA QUE CHOVA TRÊS DIAS SEM PARAR!

"Tomara que chova
três dias sem parar!

A minha grande mágoa
É lá em casa não ter água
E eu preciso me lavar!

De promessa eu ando cheia
Quando conto a minha vida ninguém quer acreditar;
Trabalho não me cansa,
Me cansa é tentar!
Se lá em casa não tem água nem pra cozinhar."

                     Velhos tempos em que Emilinha Borba, a querida cantora (1923-2005)  pedia chuva de três dias, no trecho do filme "Aviso aos Navegantes", de 1950, como está abaixo no vídeo do youtube... Hoje a gente pede é pra não chover demais, a ponto de matar tanta gente como aconteceu na REGIÃO SERRANA DO RIO, bem agora no começo de 2011. Lamentamos profundamente a ocorrência das tragédias em Teresópolis, Nova Friburgo, Petrópolis, São José do Vale do Rio Preto, Sumidouro, Tinguá e arredores. São tantas as histórias de tristeza, coragem, garra, doação, solidariedade que jamais serão esquecidas.
                     Mas em se tratando de CHUVAS E TEMPESTADES, o RIO DE JANEIRO tem um longo histórico. E muito pouco as autoridades fizeram ao longo dos séculos para evitar tantas perdas de vidas e de bens materiais. Há registros desde 1811, sim senhores, há 200 anos! Em 1811 desabou sobre o Rio de Janeiro uma tempestade, e a Corte Portuguesa já estava por aqui, fugida de Napoleão. O Príncipe Regente - D. João -, que tinha verdadeiro pavor de tempestades, se metia debaixo da cama com medo,  e nada se fazia... Talvez o único governante do Estado que realizou alguma coisa consistente foi o sr. Carlos Lacerda - removeu favelas, fez a elevatória de água do Guandu que resolveu em definitivo a crônica falta d'água que tinha a cidade do Rio, mandou construir o Aterro do Flamengo, dentre outras tantas obras de importância... mas vieram os temporais de 1966 e 1967, que arrasaram com o Estado e muita gente morreu naquela época... depois, mais enchentes brabas em 1988, de arrepiar os cabelos, ano passado (abril de 2010) mais águas cruéis, e , agora, logo no começo de 2011, mais água destruidora!

                    A COPPE/UFRJ, porém, tentou fazer a sua parte, com seminários sobre prevenção e controle dos efeitos dos temporais no Rio de Janeiro. Destes esforços, saiu publicado um livro que indico a sua leitura, "TORMENTAS CARIOCAS" (1ª edição 1997, COPPE/UFRJ, autores Luiz Pinguelli Rosa/Willy Alvarenga Lacerda, 162 p.); será que alguma autoridade do Estado e do Município do Rio de Janeiro leu este trabalho importante? Creio que já é hora de se fazer a lição de casa, em relação às costumeiras chuvaradas cariocas...

domingo, 9 de janeiro de 2011

PRA QUÊ DISCUTIR COM MADAME? LILY MONIQUE DE CARVALHO MARINHO, A MADAME Nº 1 DO BRASIL SE FOI!


            DONA LILY MONIQUE DE CARVALHO MARINHO, de 89 anos de idade, saiu de cena, definitivamente, no dia 05 de janeiro p.p., como todos estão cientes.
            Reinou, absoluta, nos salões cariocas, durante muitas décadas. Ninguém lhe tirará o cetro de anfitriã perfeita, amena e agradável. Não há Lourdes Catão nem Carmem Mayrink Veiga que lhe arranque o título de "Madame número 1 do Brasil", pelo menos nos últimos 70 anos.
            Longe de ser um "puxa-saco", o fato é que a admirava, por vários motivos. Apesar de nunca termos nos encontrado pessoalmente, acompanhava, pelos jornais e revistas, a sua trajetória de sucessos sociais.
            Nunca me esquecí do título de uma extensa matéria publicada em determinada revista de circulação nacional que, no ano de 1989,  denominou dona Lily de "a dama de todas as festas". Data, portanto, de 1989 o meu interesse inicial por dona Lily e, a partir de então, não deixei de ler o que saísse na imprensa a seu respeito.
            Um fato para o qual poucos atentam é que ela não era oriunda de uma família milionária. Mas a fortuna lhe sorriu amplamente através do seu primeiro marido, Horácio Gomes Leite de Carvalho Filho, este sim, muito rico, dono de cerca de 20 fazendas havidas por herança de seus antepassados, o 2º Barão do Amparo e o Barão de Monteiro de Barros, seus avós, que haviam sido, por sua vez,  nobres da Corte Imperial de Dom Pedro II. Em 1932, Dr. Horácio adquiriu um jornal, o "Diário Carioca", que não sobreviveu ao movimento militar de 1964.
            Com o Dr. Horácio, teve o único filho, Horácio Neto, que morreu no mesmo acidente automobilístico que a cantora Sylvia Telles, sua namorada à época. Falamos de um fato ocorrido no ano de 1966. A partir de então, Lily e Horácio pai resolveram ficar reclusos em seu luto, numa longa temporada de retiro da alta sociedade. Não estavam para ninguém. Nesse meio tempo, adotaram um menino de nome João Baptista, na tentativa de suprir a ausência do filho legítimo.
           Uma conhecida socialite e jornalista carioca conta em suas memórias uma faceta da generosidade do casal Lily-Horácio. Essa socialite e jornalista havia sido namorada de Horácio Neto. Foi após à morte de Horacinho que a socialite-jornalista e o casal ficaram muito mais próximos; Num dia de Natal, já muito tarde, o casal a chamou para conversar na biblioteca, e com muito tato e jeito, disseram que queriam presenteá-la com um apartamento. A jornalista quase desmaiou, de acordo com o relato. Dias depois do Natal, dito e feito: chegou na casa da jornalista um emissário em nome do casal , com uma quantia de dinheiro, que permitiu a compra de um apartamento, sabem em qual local? nada mais, nada menos do que na Avenida Atlântica!!!  E a jornalista termina a história, afirmando que pouca gente teve amigos como Lily e Horácio! Concordo plenamente, em gênero, número e grau! Quisera eu ter amigos tão abonados assim, que me oferecessem uma quantia suficiente para comprar um apartamentinho humilde na Av. Atlântica!!! A sorte, definitivamente, não nasce para todos não!
            Mas, invejas à parte, o fato é que dona Lily resolveu ressurgir após à morte do Dr. Horácio, em 1983. Tomou a si os negócios da família, que, como vimos, eram muitos e era dinheiro antigo; voltou-se também para a caridade e para as artes. Tratou de preencher o seu tempo da maneira como quis. E passou, nos finalmentes da década de 80, a dar festas estupendas, daquelas que toda a cidade comenta no dia seguinte. Mas, convenhamos, qual a mulher rica e ainda bonita que não se sentiria tentada a fazer o mesmo, hein? Em fins dos anos 80 e durante a década de 90 não teve pra ninguém: dona Lily reinou nos salões da alta sociedade carioca. Era uma "locomotiva" e tanto, como diria o saudoso Ibrahim Sued, "Sorry, periferia!"
           A vida lhe reservava, porém, uma surpresa boa. O empresário Roberto Marinho, diversos anos mais velho do que ela, se declarou apaixonado. Lógico que já se conheciam há muitos anos, mas ela era casada, e não "pegava" bem essa coisa de adultério naqueles tempos. E se casaram em 1991. Um casamento feliz, como reza a lenda. E a sucessão de festas, jantares, viagens, honrarias prosseguiram. Legião de Honra da França. Embaixadora da Unesco. Condecoração do Governo Brasileiro. E ela aposta nas artes: sob sua batuta, o Brasil pôde ter exposições de renomados artistas. Lembro-me da exposição das obras do pintor Monet, no Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro. No dia em que lá compareci, a fila dobrava o quarteirão que dá para a rua Araújo Porto Alegre. Dentro do Museu, centenas se acotovelavam para ver, deslumbrados, os quadros de Monet, de uma beleza sem par. Não havia ainda essa moda dos celulares (graças a Deus!), e os aparelhos existentes não tinham câmeras embutidas; e era proibido portar máquina fotográfica, de modo que podíamos contemplar as pinturas em toda a sua plenitude, sem o estouro dos flashes que ofuscariam a visão, com certeza.
            Enviuvou novamente em 2003. E sentindo, talvez, que o seu fim também se aproximava, fez realizar em 2008 leilões no Rio de Janeiro, Nova York e Genebra, dissipando parte da sua fortuna acumulada em joias, quadros, pratarias, porcelanas e tapeçaria. Ao saber do seu passamento, um amigo meu fez o seguinte comentário comigo, via torpedo: "Temos a aprender com ela, mesmo. Sofisticação com simplicidade" - Disse tudo esse meu amigo, a respeito da Madame nº 1 do Brasil. E pra quê discutir com Madame, né? Madame que é madame tem sempre razão...  Ah, e tem mais: eu ainda acho que a vida de dona Lily dá um belo roteiro de cinema, ou, quem sabe, será tema de uma minissérie televisiva... ela merece!

Nas fotos, dona Lily ostentando o caríssimo conjunto de esmeraldas que lhe foi dado pelo Dr. Roberto Marinho, e retratos dela na juventude e no quadro pintado pelo russo Dimitri.